Quais suas impressões sobre o Movimento Espírita em geral?
O Espiritismo, na opinião de um dos nossos abnegados paladinos da primeira hora, em qualquer tempo, será o que os homens dele fizerem. Confirmamos semelhante enunciado, apelando para os nossos compromissos de erguer-lhe as manifestações à Vida Superior.
Você acha que a defesa da pureza doutrinária seja um perigo para a evolução das idéias espíritas, prejudicando novas contribuições para nosso entendimento?
Pessoalmente creio que devemos cultivar o patrimônio da codificação Kardequiana e defendê-lo, assumindo atitudes francamente espíritas-cristãs, mas, a meu ver, deveremos criar caminhos de encontro com os nossos irmãos de outros setores do mundo cristão, sem comprometer-nos em qualquer perda de substância ou de altura, no campo doutrinário de nossos princípios libertadores. Emmanuel sempre nos diz que nos achamos num caminho de trabalho pela confraternização e valorização de cada criatura em si, motivo pelo qual admito que o diálogo entre nós, os cristãos de qualquer procedência, é sempre necessário e construtivo.
Como situarmos Espiritismo no panorama atual?
Sem dúvida que nós, pessoalmente considerando, não temos qualquer autoridade para responder a uma pergunta desse gabarito, mas, em nossa condição de pequenino companheiro da causa espírita, compreendemos que o Espiritismo, no panorama atual do mundo, é realmente aquele Consolador Prometido por Jesus à Humanidade, porque quantos dele se aproximam com sinceridade e com devotamento à verdade, encontram recursos para a resistência íntima contra qualquer perturbação. Nós estamos vivendo no mundo uma época muito difícil, um período inçado de muitos obstáculos na vida espiritual de todos, porque a renovação está chegando para todos na Terra, à maneira de explosão: explosão de sentimento, de pensamento, de palavra, de ações; e sem a explicação do Espiritismo evangélico, que coloca em nosso coração e em nosso pensamento os termos do destino e do sofrimento no lugar justo, sinceramente – nós teríamos muita dificuldade para harmonizar o nosso próprio mundo íntimo. Por isto mesmo nós consideramos que o Espiritismo, no panorama atual da Humanidade, é uma providência da Divina Misericórdia do Senhor em nosso benefício, a fim de que cada um de nós esteja no lugar certo, com as obrigações certas e desempenhando os nossos deveres tão bem quanto nos seja possível.
Que podemos esperar para os próximos cinqüenta anos, a respeito do desenvolvimento da Doutrina Espírita?
Somos companheiros otimistas no campo da fraternidade. Se Jesus espera no homem, com que direito deveríamos desesperar? Aguardemos o futuro triunfante, no caminho da luz. A Terra é uma embarcação cósmica de vastas proporções e não podemos olvidar que o Senhor permanece vigilante no leme.
Como é que os Espíritos consideram a Doutrina Espírita, perante as outras religiões?
Os nossos Benfeitores Espirituais nos esclarecem, freqüentemente, que a Doutrina Espírita formula explicações mais lógicas, mais simples em torno dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, explicações essas, que encontramos com muita riqueza de minudência nas obras codificadas por Allan Kardec. Mas, explicam, também, que todas as religiões são respeitáveis e que nossa atitude, diante de todas elas, deve ser de extremada veneração, pelo bem que elas trazem às criaturas humanas e por serem igualmente sustentáculos do Bem na comunidade em nome de Deus.
Qual o mais importante aspecto da Doutrina Espírita, o de Religião, o de Filosofia ou o de Ciência?
O espírito de Emmanuel costuma nos dizer que a coisa mais importante que cada um de nós poderá fazer na vida é seguir ao mandamento cristão que nos aconselha “Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Segundo Emmanuel tudo o mais é mera interpretação da verdade. Desta forma não temos dúvida ao crermos ser o aspecto religioso da Doutrina Espírita o seu ângulo fundamental. Muito nobre a Filosofia, mas em verdade a Filosofia nada mais faz do que muita conversa. Muito nobre o esforço científico, mas em verdade a mesma Ciência que inventou a vacina, construiu a bomba atômica. Então, devemos reconhecer que todos nós, os seres humanos, trazemos dentro de nós um alto grau de periculosidade e, até hoje, a única força no mundo capaz de frear estes impulsos de periculosidade humana é, sem sombra de dúvida, a RELIGIÂO.
Nota-se de uns tempos para cá um interesse maior nas pessoas em conhecer alguma coisa do Espiritismo. Como o senhor vê essa situação?
Eu creio que o número de adeptos da Doutrina Espírita tem crescido em função das provas coletivas com que temos sido defrontados, acidentes dolorosos, provações muito difíceis, desvinculações familiares tremendas, transformações muito rápidas nos costumes sociais e tudo isto têm induzido a comunidade a procurar uma resposta espiritual a estes problemas que vão sendo suscitados pela própria renovação do nosso tempo. Eu creio que por isso mesmo a Doutrina Espírita tenha alcançado este campo de trabalho, cada vez mais amplo, que considero também não como êxito, mas como amplitude e responsabilidade para aqueles que são os companheiros da seara espírita e evangélica.
O Sr. acredita que a crença em Deus, a fé em si, sobreviverá à era da tecnologia?
Sem dúvida, porque a inteligência do homem é filha da inteligência de Deus. Não podemos viver tão-somente de inteligência. Precisamos de amor para sobreviver a todas as calamidades necessárias ao processo evolutivo em que todos estamos envolvidos na Terra. Se cooperarmos para que o amor sobreviva, para que a mulher seja reposta em sua condição de tutora da vida na Terra, a quem Deus confiou o encargo de produzir a vida, com o auxílio do homem, aquela que recebeu a missão mais importante do Planeta, estamos certos de que, por intermédio do amor, a era tecnológica não será um deserto, um Céu despovoado de alegria, porque não nos adianta estar rodeados de computadores que sabem o que há em Marte ou o que há em Júpiter, e vivermos aqui sedentos de carinho, morrendo à míngua, de assistência espiritual.
Fontes:
Questões 1 e 4, do livro “Entender Conversando” – Editora IDE.
Questão 2, do livro “Encontros no Tempo” – Editora IDE.
Questões 3 e 5, do livro “Entrevistas” – Editora IDE.
Questão 6, do jornal “O Espírita Mineiro” – n 217.
Questão 7, da revista espírita “Informação” – n 94.
Questão 8, do livro “A Terra e o Semeador” – Editora IDE.